A empresária Flávia Andrade, de 36 anos, comeu peixe arabaiana duas vezes.
G1 PE
“É insuportável. Uma dor que não consigo descrever”, disse a empresária Flávia Andrade, de 36 anos, que recebeu alta na quarta-feira (24) após ter sido diagnosticada com a Síndrome de Haff, conhecida popularmente como “doença da urina preta”. Tudo começou após a ingestão de arabaiana, um peixe de água salgada.
Os primeiros sintomas surgiram após um almoço no dia 12 de fevereiro, mas se agravaram depois que ela, o filho, a irmã, Pryscila, e duas funcionárias comeram arabaiana outra vez, seis dias após a primeira ingestão.
“No dia 12, depois do almoço, eu senti uma dor abdominal, torácica, mas achei que era o estômago. As duas babás do meu filho sentiram dores nas costas, mas achamos que era a coluna e passou”, contou Flávia.
No dia 18 de fevereiro, o cardápio se repetiu no almoço da casa de Flávia. Ela, o filho de 4 anos, as duas babás e a irmã consumiram o peixe e, mais uma vez, apresentaram sintomas. No caso da irmã, a veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, o problema foi ainda mais grave.
“As babás tiveram dor nas costas novamente e meu filho teve diarreia. Eu senti muito enjoo. Já minha irmã, quatro horas depois, disse que o corpo estava diferente, que estava sentindo uma coisa estranha e começou a se apavorar. A musculatura foi travando. Não é que ela tenha ficado paralisada, ela não conseguia se mexer de tanta dor”, contou a empresária.
Apesar de receber orientação para também ser internada, Flávia preferiu voltar para casa e fazer exames no filho Flávio, de 4 anos, para saber se havia risco para ele. Depois de comprovar que a criança estava fora de risco, ela também foi internada e permaneceu, junto com a irmã, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Quando eu fiz o exame da enzima CPK [cujo aumento da produção é um fator associado à doença], o resultado esperado era 100. A minha taxa deu 91 mil. Eu não cheguei a ficar com a urina preta, mas minha irmã ficou. Fui tratada e tive alta, mas estou com hepatite [como consequência], fazendo o tratamento em casa. Ainda sinto um pouco de dor, mas consegui voltar”, disse Flávia.
Assim como a criança, as duas funcionárias que trabalham na casa da empresária não precisaram de internamento e passam bem, segundo Flávia. Já Pryscila permanece internada na UTI nesta quinta-feira (25). “Ela teve uma leve melhora e estamos torcendo para que ela saia sem nenhuma sequela”, declarou.
Depois da experiência, a empresária espera que sejam feitos estudos para que a doença seja mais conhecida entre os profissionais de saúde para que, em caso de contaminação, o paciente receba o diagnóstico correto.