Gabriel Paiva foi morto em 2017, aos 16 anos, após levar pauladas em abordagem policial. PM Jefferson Alves de Souza foi condenado na quinta-feira a mais 24 anos de prisão.
Por André Azeredo, Bom Dia SP
A mãe de Gabriel Paiva, adolescente de 17 anos morto em 2017 após ser agredido a pauladas em abordagem policial, afirmou nesta quinta-feira (18), depois da condenação do policial Jefferson Alves de Souza, que “foi feita justiça”.
Zilda Regina de Paiva acompanhou o julgamento e chorou após a leitura da sentença. “Meu filho não tá aqui. Tudo o que eu queria era que ele estivesse aqui, que nada disso tivesse acontecido, mas a juíza foi bem enfática. Foi bem o que eu esperava: foi feita justiça”, disse Zilda.
O Policial Militar Jefferson Alves de Souza, do 22º Batalhão da PM, foi condenado na quinta-feira a 24 anos e seis meses de prisão. Na decisão, a juíza Débora Faitarone considerou ter ficado comprovada a violência por parte de Souza.
O PM Thiago Quintino Meche, que também era réu na ação, foi absolvido, conforme pediu o Ministério Público, por falta de provas da participação dele no homicídio. Nenhuma testemunha viu Meche agredindo a vítima.
No dia da agressão, Gabriel conversava na Cidade Ademar, Zona Sul de São Paulo, com amigos quando um carro da polícia parou. Alguns jovens correram, mas Gabriel permaneceu no local e foi agredido com pedaços de pau.
Os dois policiais que participaram da abordagem deixaram o adolescente agonizando e não prestaram socorro. Gabriel teve traumatismo craniano, foi levado para o hospital, mas morreu quatro dias após ser internado.
PM Jefferson Alves de Souza, filmado em outra abordagem policial usando um pedaço de pau — Foto: Reprodução/TV Globo
Durante o depoimento, os réus alegaram inocência. Três testemunhas foram ouvidas no julgamento desta quinta-feira, sendo que duas delas estão sob proteção.
Segundo a juíza, Jefferson procurou uma das testemunhas do caso com o “intuito de intimidá-la”, e isso justificou deixar os dois policiais presos até o julgamento.
Thiago e Jefferson estão presos no Presídio Romão Gomes desde maio de 2017 e chegaram a responder pelo crime em liberdade, mas cumprem prisão preventiva.