Raquel, a ex-Luluzinha

Até a confirmação da pré-candidatura de Marília Arraes ao Governo do Estado pelo Solidariedade (SD), a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, pré-candidata do PSDB, passou a ser vista e apontada como a preferida de um segmento eleitoral apenas por ser mulher num segmento ainda machista, a política. Era a Luluzinha quebrando paradigmas, velhos tabus. Sem querer, mas querendo ao mesmo tempo, destruiu o Clube do Bolinha.

Nos gibis que li quando garoto, até hoje povoando a mente da garotada, Clube do Bolinha era um gueto de meninos, formado por Bolinha, Carequinha, Alvinho, Zeca e Juca. Uma das suas características é proibir a participação de quem usa saia, de acordo com o lema: “Menina não entra”. Num Estado no qual as portas da vida pública ainda são muito fechadas para as mulheres, sem nunca disputar o Governo, Raquel representou o fato novo.

Não é mais. Olhando por esse prisma, quem mais perde com a entrada de Marília no páreo da sucessão estadual é Raquel. Marília arranca dela a fantasia de única Luluzinha em busca de realizar o sonho de governar o Estado. E toma-lhe de assalto pelo campo da esquerda com um detalhe que tira o sono da tucana: o eleitorado de Marília é urbano, concentrado na rebelde e esquerdista Região Metropolitana.

Um dia após o ato da sua filiação ao SD, no Recife, com a presença do presidente nacional da legenda, Paulinho da Força, Marília aterrissou no Sertão e no Agreste, primeiro em Triunfo e depois Garanhuns, palcos de congressos estaduais de vereadores, recebida como popstar, especialmente em Garanhuns, cujo congresso foi patrocinado pelo PSB, com direito apenas a fala de Danilo Cabral, o Coronel Danulo.

Nas historinhas do Clube do Bolinha há registros do surgimento de um rival, a chamada Turma da Zona Norte, que Plínio Raposo, personagem caricaturado como o mais rico e rejeitado no Bolinha, ganhou guarida. Privilegiada por muito tempo por reinar absoluta como única mulher entre os homens candidatos, Raquel não tem nada que ficar, a esta altura, choramingando. A nova Luluzinha Marília é produto do expurgo petista.

Humberto detonado – Em entrevista ao jornal O Globo, Marília bateu sem piedade no senador Humberto Costa. Jogou a culpa nele por ter forçado sua saída do PT. “Ele continua me atacando, me acusando de ter projeto pessoal. Se eu tivesse um projeto pessoal, estava em busca de cargo. Quem tem projeto pessoal é ele, quem sacrifica o PT de Pernambuco é ele. Minha decisão foi tomada por causa de anos de desgaste promovido por Humberto, que não aceita renovação. Foram anos de ataques públicos, de desqualificação, e misoginia”, afirmou. Fonte Blog Magno Martins.

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